PROGRAMA FUNDAMENTAL MÓDULO I – Introdução ao Estudo do Espiritismo
ROTEIRO 3: Tríplice Aspecto da Doutrina Espírita
1. O tríplice aspecto da Doutrina Espírita
O tríplice aspecto da Doutrina Espírita ressalta da própria conceituação que lhe dá Allan Kardec, conforme citação feita no roteiro anterior, de número 2: O Espiritismo é, ao mesmo tempo, uma ciência de observação e uma doutrina filosófica. Como ciência prática, ele consiste nas relações que se estabelecem entre nós e os Espíritos; como filosofia, ele compreende todas as conseqüências
morais que dimanam dessas mesmas relações 6.
O Espiritismo se apresenta sob três aspectos diferentes: [é ainda Kardec quem afirma] o das manifestações, o dos princípios e da filosofia que delas decorrem e o da aplicação desses princípios.
Daí, três classes, ou, antes, três graus de adeptos:
1º. Os que crêem nas manifestações e se limitam a comprová-las; para esses, o Espiritismo é uma ciência experimental; 2º. Os que lhe percebem as conseqüências morais;
3º. Os que praticam ou se esforçam por praticar essa moral. Qualquer que seja o ponto de vista, científico ou moral, sob que considerem esses estranhos fenômenos, todos compreendem constituírem eles uma ordem, inteiramente nova, de idéias que surge e da qual não pode deixar de resultar uma profunda modificação no estado da Humanidade e compreendem igualmente que essa modificação não pode deixar de operar-se no sentido do bem 4.
Assim, consoante as palavras de Kardec, podemos identificar o tríplice aspecto do Espiritismo:
a) científico – concernente às manifestações dos Espíritos;
b)filosófico – respeitante aos princípios, inclusive morais, em que se assenta a sua doutrina;
c) religioso – relativo à aplicação desses princípios.
2. O aspecto científico
Nenhuma ciência existe que haja saído prontinha do cérebro de um homem. Todas, sem exceção de nenhuma, são fruto de observações sucessivas, apoiadas em observações precedentes, como em um ponto conhecido, para chegar ao desconhecido.Foi assim que os Espíritos procederam, com relação ao Espiritismo. Daí o sergradativo o ensino que ministram 1.
Os fatos ou fenômenos espíritas, isto é, produzidos por espíritos desencarnados, são a substância mesma da Ciência Espírita, cujo objeto é o estudo e conhecimento desses fenômenos, para fixação das leis que os regem. Eles constituem o meio de comunicação entre o nosso mundo físico e o mundo espiritual, de características diferentes, mas que não impedem o intercâmbio, que sempre houve, entre os vivos e os mortos, segundo a terminologia usual 9.
O caráter científico deflui ainda das seguintes conclusões de Allan Kardec: O Espiritismo, pois, não estabelece com o princípio absoluto senão o que se acha evidentemente demonstrado, ou o que ressalta logicamente da observação. [...] Caminhando de par com o progresso, o Espiritismo jamais será ultrapassado, porque, se novas descobertas lhe demonstrassem estar em erro acerca de um ponto qualquer, ele se modificaria nesse ponto. Se uma verdade nova se revelar, ele a aceitará 2.
Gabriel Delanne, em sua obra O Fenômeno Espírita também salienta o papel científico do Espiritismo, quando diz: O Espiritismo é uma ciência cujo fim é a demonstração experimental da existência da alma e sua imortalidade, por meio de comunicações com aqueles aos quais
impropriamente têm sido chamados mortos 11.
Sendo assim, a [...] Ciência Espírita se classifica [...] entre as ciências positivas ou experimentais e se utiliza do método analítico ou indutivo, porque observa e examina os fenômenos mediúnicos, faz experiências, comprova-os 10.
3. O aspecto filosófico
O aspecto filosófico do Espiritismo vem destacado na folha de rosto de O Livro dos Espíritos, a primeira obra do Espiritismo, quando Allan Kardec classifica a nova doutrina de Filosofia Espiritualista. Na conclusão dessa mesma obra, Kardec enfatiza: Falsíssima idéia formaria do Espiritismo quem julgasse que a sua força lhe vem da prática das manifestações materiais e que, portanto, obstando-se a tais manifestações, se lhe terá minado a base. Sua força está na sua filosofia, no apelo que dirige à razão, ao bom senso [...] 3. De fato, o [...] Espiritismo é uma doutrina essencialmente filosófica, embora seus princípios sejam comprovados experimentalmente, o que lhe confere também o caráter científico. Quando o Homem pergunta, interroga, cogita, quer saber o «como» e o «porquê» das coisas, dos fatos, dos acontecimentos, nasce a FILOSOFIA, que mostra o que são as coisas e porque são as coisas o que são. Em verdade, o Homem quer justificar-se a si mesmo e ao mundo em que vive, ao qual reage e do qual recebe contínuos impactos, procura compreender como as coisas e os fatos se ordenam, em suma, deseja conhecer sempre mais e mais.
O caráter filosófico do Espiritismo está, portanto, no estudo que faz do Homem, sobretudo Espírito, de seus problemas, de sua origem, de sua destinação. Esse estudo leva ao conhecimento do mecanismo das relações dos Homens que vivem na Terra com aqueles que já se despediram dela, temporariamente, pela morte, estabelecendo as bases desse permanente relacionamento, e demonstra a existência, inquestionável, de algo que tudo cria e tudo comanda, inteligentemente – DEUS.
Definindo as responsabilidades do Espírito – quando encarnado (alma) e também do desencarnado, o Espiritismo é Filosofia, uma regra moral de vida e comportamento para os seres da Criação, dotados de sentimento, razão e consciência 8.
4. O aspecto religioso
O Espiritismo [diz Allan Kardec] é uma doutrina filosófica de efeitos religiosos, como qualquer filosofia espiritualista, pelo que forçosamente vai ter às bases fundamentais de todas as religiões: Deus, a alma e a vida futura. Mas, não é uma religião constituída, visto que não tem culto, nem rito, nem templos e que, entre seus adeptos, nenhum tomou, nem recebeu o título de sacerdote ou de sumo sacerdote [...] 5.
No discurso de abertura da Sessão Anual Comemorativa dos Mortos, na Sociedade de Paris, publicado na Revista Espírita de dezembro de 1968, Allan Kardec, respondendo à pergunta O Espiritismo é uma Religião?, afirma, a certa altura: O laço estabelecido por uma religião, seja qual for o seu objetivo é [...] essencialmente moral, que liga os corações, que identifica os pensamentos, as aspirações, e não somente o fato de compromissos materiais, que se rompem à vontade, ou da
realização de fórmulas que falam mais aos olhos do que ao espírito. O efeito desse laço moral é o de estabelecer entre os que ele une, como conseqüência da comunhão de vistas e de sentimentos, a fraternidade e a solidariedade, a indulgência e a benevolência mútuas. É nesse sentido que também se diz: a religião da amizade, a religião da família. Se é assim, perguntarão, então o Espiritismo é uma religião? Ora, sim, sem dúvida, senhores! No sentido filosófico, o Espiritismo é uma religião, e nós nos vangloriamos por isto, porque é a Doutrina que funda os vínculos da fraternidade e da
comunhão de pensamentos, não sobre uma simples convenção, mas sobre bases mais sólidas: as próprias leis da Natureza. Por que, então, declaramos que o Espiritismo não é uma religião? Em razão de não haver senão uma palavra para exprimir duas idéias diferentes, e que, na opinião geral, a palavra religião é inseparável da de culto; porque desperta exclusivamente uma idéia de forma, que o Espiritismo não tem. Se o Espiritismo se dissesse uma religião, o público não veria aí mais que uma nova edição, uma variante, se se quiser, dos princípios absolutos em matéria de fé; uma casta sacerdotal com seu cortejo de hierarquias, de cerimônias e de privilégios; não o separaria das idéias de misticismo e dos abusos contra os quais tantas vezes a opinião se levantou. Não tendo o Espiritismo nenhum dos caracteres de uma religião, na acepção usual da palavra, não podia nem devia enfeitar-se com um título sobre cujo valor inevitavelmente se teria equivocado. Eis por que simplesmente se diz: doutrina filosófica e moral 7.
Em suma, concluimos com Emmanuel:
Podemos tomar o Espiritismo, simbolizado [...] como um triângulo de forças espirituais. A Ciência e a Filosofia vinculam à Terra essa figura simbólica, porém, a Religião é o ângulo divino que a liga ao céu. No seu aspecto científico e filosófico, a doutrina será sempre um campo nobre de investigações humanas, como outros movimentos coletivos, de natureza intelectual que visam ao aperfeiçoamento da Humanidade. No aspecto religioso, todavia, repousa a sua grandeza divina, por constituir a restauração do Evangelho de Jesus Cristo, estabelecendo a renovação definitiva do homem, para a grandeza do seu imenso futuro espiritual 12.
Referências
1. KARDEC, Allan. A gênese. Tradução de Guillon Ribeiro. 48.
ed. Rio de Janeiro: FEB, 2005. Cap. 1, item 54, p. 42.
2. ______. Item 55, p. 44.
3. ______. Conclusão 6, p. 484.
4. ______. O livro dos espíritos. Tradução de Guillon Ribeiro. 86.
ed. Rio de Janeiro: FEB, 2005. Conclusão 7, p. 486-487.
5. ______. Obras póstumas. Tradução de Guillon Ribeiro. 38. ed.
Rio de Janeiro: FEB, 2005. (Ligeira resposta aos detratores
do espiritismo). Primeira parte, p. 260-261.
6. ______. O que é o espiritismo. 53. ed. Rio de Janeiro: FEB, 2005.
Preâmbulo, p. 50.
7. ______. Revista espírita. Jornal de estudos psicológicos. Ano 1868.
Tradução de Evandro Noleto Bezerra. Poesias traduzidas por
Inaldo Lacerda Lima. Rio de Janeiro: FEB, 2005. Ano 11.
Dezembro de 1868. Nº 12. Item: Discurso de abertura pelo
senhor Allan Kardec: O espiritismo é uma religião?, p. 490-
491.
8. BARBOSA, Pedro Franco. Espiritismo básico. 5. ed. Rio de Janeiro:
FEB, 2002. (O espiritismo filosófico). Segunda parte, p.
101.
9. ______. p. 103.
10. ______. p. 104.
11. DELANNE, Gabriel. O fenômeno espírita. Tradução de Francisco
Raymundo Ewerton Quadros. 8. ed. Rio de Janeiro:
FEB, 2005. Prefácio, p. 13.
12. XAVIER, Francisco Cândido. O consolador. Pelo Espírito
Emmanuel. 26. ed. Rio de Janeiro: FEB, 2006. Definição, p.
19-20.
Blog sobre minhas atividades no Movimento Espírita, publicações,idéias e ensinamentos adquiridos
segunda-feira, 10 de abril de 2017
segunda-feira, 3 de abril de 2017
ESDE AULA 02
PROGRAMA FUNDAMENTAL MÓDULO I – Introdução ao Estudo do Espiritismo
ROTEIRO 2: Espiritismo ou Doutrina Espírita:
conceito e objeto
1. Conceito de Espiritismo O termo Espiritismo foi criado por Allan Kardec pelas razões
que ele mesmo explica na Introdução de O Livro dos Espíritos: Para se designarem coisas novas são precisos termos novos. Assim o exige a clareza da linguagem, para evitar a confusão inerente
à variedade de sentidos das mesmas palavras. Os vocábulos espiritual, espiritualista, espiritualismo têm acepção bem definida. Dar-lhes outra, para aplicá-los à doutrina dos Espíritos, fora multiplicar
as causas já numerosas de anfibologia. Com efeito, oespiritualismo é o oposto do materialismo. Quem quer que acredite haver em si alguma coisa mais do que matéria, é espiritualista. Não
se segue daí, porém, que creia na existência dos Espíritos ou emsuas comunicações com o mundo visível. Em vez das palavras espiritual,espiritualismo, empregamos, para indicar a crença a que vimos
de referir-nos, os termos espírita e espiritismo, cuja forma lembraa origem e o sentido radical e que, por isso mesmo, apresentama vantagem de ser perfeitamente inteligíveis, deixando ao vocábulo
espiritualismo a acepção que lhe é própria. Diremos, pois, que adoutrina espírita ou o Espiritismo tem por princípio as relações do mundo material com os Espíritos ou seres do mundo invisível. Os
adeptos do Espiritismo serão os espíritas, ou, se quiserem, osespiritistas 4.
O Espiritismo é, ao mesmo tempo, uma ciência de observaçãoe uma doutrina filosófica. Como ciência prática, ele consiste nasrelações que se estabelecem entre nós e os Espíritos; como filosofia,
compreende todas as conseqüências morais que dimanam dessas mesmas relações. Podemos defini-lo assim: O Espiritismo é uma ciência que trata da natureza, origem e destino dos Espíritos, bem
como de suas relações com o mundo corporal 5.
Em o Evangelho segundo o Espiritismo, assinala, ainda, Kardec: O Espiritismo é a ciência nova que vem revelar aos homens, por meio de provas irrecusáveis, a existência e a natureza do mundo espiritual e as suas relações com o mundo corpóreo. Ele nolo mostra, não mais como coisa sobrenatural, porém, ao contrário, como uma das forças vivas e sem cessar atuantes da Natureza, como a fonte de uma imensidade de fenômenos até hoje incompreendidos e, por isso, relegados para o domínio do fantástico e do maravilhoso. É a essas relações que o Cristo alude em muitas circunstâncias e daí vem que muito do que ele disse permaneceu ininteligível ou falsamente interpretado. O Espiritismo é a chave com o auxílio da qual tudo se explica de modo fácil 1.
2. Objeto do Espiritismo
Assim como a Ciência propriamente dita tem por objeto o estudo das leis do princípio material, o objeto especial do Espiritismo é o conhecimento das leis do princípio espiritual. Ora, como este último princípio é uma das forças da Natureza, a reagir incessantemente sobre o princípio material e reciprocamente, segue-se que o conhecimento de um não pode estar completo sem o conhecimento do outro. O Espiritismo e a Ciência se completam reciprocamente; a Ciência, sem o Espiritismo, se
acha na impossibilidade de explicar certos fenômenos só pelas leis da matéria; ao Espiritismo, sem a Ciência, faltariam apoio e comprovação. O estudo das leis da matéria tinha que preceder o da espiritualidade, porque a matéria é que primeiro fere o sentidos. Se o Espiritismo tivesse vindo antes das descobertas científicas, teria abortado, com tudo quanto surge antes do tempo 2.
Mais adiante, ainda nesta referência (A gênese), acrescenta Kardec: A Ciência moderna abandonou os quatro elementos primitivos dos antigos e, de observação em observação, chegou à concepção de um só elemento gerador de todas as transformações da matéria; mas, a matéria, por si só, é inerte; carecendo de vida, de pensamento, de sentimento, precisa estar unida ao princípio espiritual. O
Espiritismo não descobriu, nem inventou este princípio; mas, foi o primeiro a demonstrar-lhe, por provas inconcussas, a existência; estudou-o, analisou-o e tornou-lhe evidente a ação. Ao elemento material, juntou ele o elemento espiritual. Elemento material e elemento espiritual, esses os dois princípios, as duas forças vivas da Natureza. Pela união indissolúvel deles, facilmente se explica uma multidão de fatos até então inexplicáveis. O Espiritismo, tendo por objeto o estudo de um dos elementos constitutivos do Universo, toca forçosamente na maior parte das ciências; só podia, portanto, vir depois da elaboração delas; nasceu pela força mesma das coisas, pela impossibilidade de tudo se explicar com o auxílio apenas das leis da matéria 3.
Em suma, os [...] fatos ou fenômenos espíritas, isto é, produzidos por Espíritos desencarnados, são a substância mesma da Ciência Espírita, cujo objeto é o estudo e conhecimento desses fenômenos, para fixação das leis que os regem [...] 6.
BIBLIOGRAFIA:
1. KARDEC, Allan. O Evangelho segundo o espiritismo. Tradução
de Guillon Ribeiro. 124. ed. Rio de Janeiro: FEB, 2005. Cap.
1, item 5, p. 56-57.
2. ______. A gênese. Tradução de Guillon Ribeiro. 48. ed. Rio de
Janeiro: FEB, 2005. Cap. 1, item 16, p. 21.
3. ______. Item 18, p. 22.
4. ______. O livro dos espíritos. Tradução de Guillon Ribeiro. 86.
ed. Rio de Janeiro: FEB, 2005. Introdução. Item 1, p. 13.
5. ______. O que é o espiritismo. 53. ed. Rio de Janeiro: FEB, 2005.
Preâmbulo, p. 50.
6. BARBOSA, Pedro Franco. Espiritismo básico. 5. ed. Rio de Janeiro:
FEB, 2002. (O espiritismo científico). Segunda parte, p. 103.
ROTEIRO 2: Espiritismo ou Doutrina Espírita:
conceito e objeto
1. Conceito de Espiritismo O termo Espiritismo foi criado por Allan Kardec pelas razões
que ele mesmo explica na Introdução de O Livro dos Espíritos: Para se designarem coisas novas são precisos termos novos. Assim o exige a clareza da linguagem, para evitar a confusão inerente
à variedade de sentidos das mesmas palavras. Os vocábulos espiritual, espiritualista, espiritualismo têm acepção bem definida. Dar-lhes outra, para aplicá-los à doutrina dos Espíritos, fora multiplicar
as causas já numerosas de anfibologia. Com efeito, oespiritualismo é o oposto do materialismo. Quem quer que acredite haver em si alguma coisa mais do que matéria, é espiritualista. Não
se segue daí, porém, que creia na existência dos Espíritos ou emsuas comunicações com o mundo visível. Em vez das palavras espiritual,espiritualismo, empregamos, para indicar a crença a que vimos
de referir-nos, os termos espírita e espiritismo, cuja forma lembraa origem e o sentido radical e que, por isso mesmo, apresentama vantagem de ser perfeitamente inteligíveis, deixando ao vocábulo
espiritualismo a acepção que lhe é própria. Diremos, pois, que adoutrina espírita ou o Espiritismo tem por princípio as relações do mundo material com os Espíritos ou seres do mundo invisível. Os
adeptos do Espiritismo serão os espíritas, ou, se quiserem, osespiritistas 4.
O Espiritismo é, ao mesmo tempo, uma ciência de observaçãoe uma doutrina filosófica. Como ciência prática, ele consiste nasrelações que se estabelecem entre nós e os Espíritos; como filosofia,
compreende todas as conseqüências morais que dimanam dessas mesmas relações. Podemos defini-lo assim: O Espiritismo é uma ciência que trata da natureza, origem e destino dos Espíritos, bem
como de suas relações com o mundo corporal 5.
Em o Evangelho segundo o Espiritismo, assinala, ainda, Kardec: O Espiritismo é a ciência nova que vem revelar aos homens, por meio de provas irrecusáveis, a existência e a natureza do mundo espiritual e as suas relações com o mundo corpóreo. Ele nolo mostra, não mais como coisa sobrenatural, porém, ao contrário, como uma das forças vivas e sem cessar atuantes da Natureza, como a fonte de uma imensidade de fenômenos até hoje incompreendidos e, por isso, relegados para o domínio do fantástico e do maravilhoso. É a essas relações que o Cristo alude em muitas circunstâncias e daí vem que muito do que ele disse permaneceu ininteligível ou falsamente interpretado. O Espiritismo é a chave com o auxílio da qual tudo se explica de modo fácil 1.
2. Objeto do Espiritismo
Assim como a Ciência propriamente dita tem por objeto o estudo das leis do princípio material, o objeto especial do Espiritismo é o conhecimento das leis do princípio espiritual. Ora, como este último princípio é uma das forças da Natureza, a reagir incessantemente sobre o princípio material e reciprocamente, segue-se que o conhecimento de um não pode estar completo sem o conhecimento do outro. O Espiritismo e a Ciência se completam reciprocamente; a Ciência, sem o Espiritismo, se
acha na impossibilidade de explicar certos fenômenos só pelas leis da matéria; ao Espiritismo, sem a Ciência, faltariam apoio e comprovação. O estudo das leis da matéria tinha que preceder o da espiritualidade, porque a matéria é que primeiro fere o sentidos. Se o Espiritismo tivesse vindo antes das descobertas científicas, teria abortado, com tudo quanto surge antes do tempo 2.
Mais adiante, ainda nesta referência (A gênese), acrescenta Kardec: A Ciência moderna abandonou os quatro elementos primitivos dos antigos e, de observação em observação, chegou à concepção de um só elemento gerador de todas as transformações da matéria; mas, a matéria, por si só, é inerte; carecendo de vida, de pensamento, de sentimento, precisa estar unida ao princípio espiritual. O
Espiritismo não descobriu, nem inventou este princípio; mas, foi o primeiro a demonstrar-lhe, por provas inconcussas, a existência; estudou-o, analisou-o e tornou-lhe evidente a ação. Ao elemento material, juntou ele o elemento espiritual. Elemento material e elemento espiritual, esses os dois princípios, as duas forças vivas da Natureza. Pela união indissolúvel deles, facilmente se explica uma multidão de fatos até então inexplicáveis. O Espiritismo, tendo por objeto o estudo de um dos elementos constitutivos do Universo, toca forçosamente na maior parte das ciências; só podia, portanto, vir depois da elaboração delas; nasceu pela força mesma das coisas, pela impossibilidade de tudo se explicar com o auxílio apenas das leis da matéria 3.
Em suma, os [...] fatos ou fenômenos espíritas, isto é, produzidos por Espíritos desencarnados, são a substância mesma da Ciência Espírita, cujo objeto é o estudo e conhecimento desses fenômenos, para fixação das leis que os regem [...] 6.
BIBLIOGRAFIA:
1. KARDEC, Allan. O Evangelho segundo o espiritismo. Tradução
de Guillon Ribeiro. 124. ed. Rio de Janeiro: FEB, 2005. Cap.
1, item 5, p. 56-57.
2. ______. A gênese. Tradução de Guillon Ribeiro. 48. ed. Rio de
Janeiro: FEB, 2005. Cap. 1, item 16, p. 21.
3. ______. Item 18, p. 22.
4. ______. O livro dos espíritos. Tradução de Guillon Ribeiro. 86.
ed. Rio de Janeiro: FEB, 2005. Introdução. Item 1, p. 13.
5. ______. O que é o espiritismo. 53. ed. Rio de Janeiro: FEB, 2005.
Preâmbulo, p. 50.
6. BARBOSA, Pedro Franco. Espiritismo básico. 5. ed. Rio de Janeiro:
FEB, 2002. (O espiritismo científico). Segunda parte, p. 103.
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